* FRASES * e Citações do Rei do Baião |
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1996 - Dominique
Dreyfus, Vida do Viajante - "A Saga de Luiz Gonzaga":
Eu como cantador pobre, sabia que a cidade
grande não ia me dar oportunidade, então eu gravava meus discos e ia procurar o
meu público lá nos matos. Nos estados longínquos. Esse povo vinha me ouvir e as
praças ficavam cheias. Eu arranjava patrocinadores no local e, às vezes, levava
patrocinador do sul que tinha pretensões no Nordeste. Me davam cartaz. Eu
cantava na praça pública, nos coretos, nos circos e até nos quartéis. Eu chegava
nas cidades do interior com os meus discos, cantava na praça pública, vendia o
meu peixe. Foi sempre no Nordeste que eu me arrumei.
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1996 - Dominique
Dreyfus, Vida do Viajante - "A Saga de Luiz Gonzaga":
Eu criei tanta coisa que, hoje, sabendo de todos os sanfoneiros parados que tem
por aí, eu devo deixar o meu lugar. Porque não sou mais sanfoneiro nem cantor,
porque sou simplesmente Luiz Gonzaga, um velho com gogó bom. Não ganho dinheiro
mais como sanfoneiro, ganho como Luiz Gonzaga.
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1996 - Dominique
Dreyfus, Vida do Viajante - "A Saga de Luiz Gonzaga":
Uma vez cheguei em Nanuque, em Minas Gerais, procurei o dono do cinema para ver
se poderia dar um show. Ele me falou que não poderia porque naquele dia ele ia
projetar um filme de Elvis Plesley. Eu sugeri que o show fosse depois da
projeção, às 21:00 h. Ficou acertado assim. Meu secretário saiu pelas ruas, na
caminhonete, anunciando o show, distribuindo folhetins e eu fui para o hotel
aguardar a hora de me apresentar.
Chega a polícia: o senhor está intimado para comparecer imediatamente no cinema,
está a maior confusão lá, todo mundo quer ingresso e não tem mais e, o juiz quer
falar com o senhor! Eu fui encontrar o juiz, e acabou que ele resolveu que eu faria duas sessões.
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1989 - Luiz Gonzaga, Teatro Guararapes (Recife),
06/06/1989:
A Sanfona não vai morrer. Não vai porque quem toca como Dominguinhos, Pinto,
Joquinha e Waldonys, quem toca de uma maneira dessa é muito bonito. Sanfona é o
maior instrumento rural do mundo. Não vai acabar porque o Nordeste é o maior
país brasileiro que mantém um acordeom como o seu principal instrumento.
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1985 - Luiz Gonzaga, O Estado de São
Paulo, 09/06/1985:
Quando eu ouvi aquela gaita (sanfona), aquele homem [Pedro Raimundo], aquele
homem fazer aquilo no que era mestre, me deu uma loucura. O único expectador no
estúdio (da Rádio Mayrink Veiga era eu, e ele me reconheceu e até mexeu comigo,
improvisando trovas sobre a minha presença. Senti que ele era uma fera e fiquei
apaixonado. Encontrei o meu caminho ali.
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1982 - Luiz Gonzaga, Revista Veja:
Não é preciso que a gente fale em miséria, em morrer de fome. Eu sempre tive o
cuidado de evitar essas coisas. É preciso que a gente fale do povo exaltando o
seu espírito, contando como ele vive nas horas de lazer, nas festas, nas
alegrias e nas tristezas. Quando faço um protesto, chamo a atenção das
autoridades para os problemas, para o descaso do poder público, mas quando falo
do povo nordestino não posso deixar de dizer que ele é alegre, espirituoso,
brincalhão. Eu sempre procurei exaltar o matuto, o caboclo nordestino, pelo seu
lado heroico. Nunca usei a miséria desvinculada da alegria.
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1978 -
Luiz Gonzaga, Folha de São Paulo, 25/03/1978:
Meu negócio é a música.Prefiro ficar aqui fazendo os meus baiõezinhos, que o
povo tanto gosta. Eu tenho um público muito fiel.
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1978 -
Luiz Gonzaga, Folha de São Paulo, 25/03/1978:
Asa Branca é um protesto que fiz. Um protestozinho cristão, puramente
nosso. Protesto perigoso é aquele importado, de agitação. Asa Branca não
é isso.
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1973 -
Luiz Gonzaga, entrevista ao Jornal do Commércio, Recife-Pe:
Eu tive a influência do jazz, porque eu consegui no baião, e mesmo no choro, um
certo balanço diferente na sanfona, porque eu toquei em orquestra, porque eu
toquei em cassino, porque eu toquei em gafieira, porque eu toquei no rádio. Eu
toco de ouvido até hoje. Então, eu criei meu próprio estilo assim. Um pedacinho dacolá,
pedacinho do jazz, e um pedacinho de regional.
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1972 -
Luiz Gonzaga, Revista Veja, 15/03/1972:
E sempre preferi o espetáculo ao ar livre, para divertir aqueles que não podem
pagar. Tem também os espetáculos de circo, em que eu me sinto à vontade. Nunca
gostei foi de trabalhar em clube. Quando me convidam para esses lugares, eu até
tremo. As poucas vezes que fui só faziam dizer: ‘Quem é esse cara?’.
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1966 - Rádio Clube de Pernambuco em
Recife:
Vocês sabem, eu estou aqui pra cantar meus baiões, com muita honra. Se não fosse Jota Austregésilo eu
não estaria aqui. Eu tinha passado em branco em Recife, depois que eu bati todos
os recordes de bilheteria nesta capital. Fiz mais de vinte espetáculos, mais de
vinte temporadas, sem criar caso, escândalo. Sempre fui um homem simples das
ruas, andando com a cara do povo, com o passo do povo, o jeito do povo, vestindo
a mesma roupa do povo. Seria um absurdo que agora, que me sinto um homem capaz,
cheio de saúde, ainda decantando essa raça que é a nordestina, decantando esse
povo, com força e vontade, que passasse pela minha capital, capital do meu
Estado, em branco! Pois eu ia passando em branco! Não ia cantar em lugar nenhum,
porque ninguém me deu oportunidade dessa vez (...). Eu estou, com prazer, dentro
dessa mesma rádio que me lançou em 1946. Nessa casa
onde uma vez eu tentei entrar e não pude, porque o povo ficou lá fora esperando,
e eu entrei escondido.
Fonte: "Luiz Gonzaga O Homem, Sua Terra e Sua Luta, José Mário
Austregésilo, 2007"
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Luiz Gonzaga
Atingi
praticamente todas as camadas sociais, cassinos etc., mas nunca me empolguei
pela cidade grande e a saudade do Nordeste sempre foi eterna.
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Luiz Gonzaga
Deus me
deu o dom de falar, com a minha própria linguagem, despreocupado, sem medo de
errar, porque o povo já sabe que eu não sou intelectual, então eu mando brasa.
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Luiz Gonzaga
E eu
levava as coisas que aprendi na minha infância, com meu pai, as piadas do velho
Januário, que meu pai era muito espirituoso. E fui me tornando um artista assim,
espontâneo.
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Luiz Gonzaga
Era com
boa intenção que eu me apresentava, em cima de caminhão, levando o patrocinador
nas costas, fazendo espetáculos nas praças públicas, improvisando espetáculos em
determinadas praças... Agora, tudo isso por quê? Porque não me achava suficiente
para concorrer com ninguém.
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Luiz Gonzaga
Estivesse onde estivesse: no noroeste, no oeste, no sul, em São Paulo... Aonde
eu ia, encontrava as colônias nordestinas. Saudosas colônias sem administração,
sem mando... Vamos dizer assim, procurando se apossar de um pedacinho de terra,
um meio de vida melhor...
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Luiz Gonzaga
Eu
queria cantar o Nordeste. Eu tinha a música, tinha o tema. O que eu não sabia
era continuar. Eu precisava de um poeta para escrever aquilo que eu tinha na
cabeça, de um homem culto para ensinar as coisas que eu não sabia. Eu sempre fui
um bom ouvidor. Cheguei até a enganar que era culto!
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Luiz Gonzaga
Eu tinha
que levar minha música diretamente àqueles que ignoravam totalmente o Nordeste.
O objetivo era cantar para os barriga-verde, os gaúchos, os caipiras, os
cariocas.
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Luiz Gonzaga
Meu nome é Luiz Gonzaga, / Não sei se sou fraco ou forte / Só sei que graças a Deus /
Té pra nascê im Pernambuco, famoso Leão do Norte.
Nas terras do Novo Exu / Da Fazenda Caiçara,
/ Im novecentos e doze, / Viu o mundo minha cara.
Dia de Santa Luzia, / Purisso é qui sô Luiz,
/ No mês qui Cristo nasceu, / Pirisso é qui
sô feliz.
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Luiz Gonzaga
Não dou esmola, não faço favor, não ajudo a ninguém, sou pão duro, vivo bem.
Quem quiser que faça assim como eu também.
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Luiz Gonzaga
No meio do meu público, tinha Caetano, tinha Gil, tinha muito cantor doido por
aí, famoso hoje, que já mudou de roupa várias vezes, alguns hoje são até
roqueiros, mas mesmo como roqueiros continuam afirmando que Luiz Gonzaga foi
influência.
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Luiz Gonzaga
Nunca
fumei, apesar de gostar muito daquele cheiro. Mas pra que fumar? Só pra imitar
os outros?!
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Luiz Gonzaga
O bom da
gente é a gente se sentir em condições de criar mais e ter a impressão de que
amanhã a gente pode criar um sucesso consagrador... Mas eu já criei os meus, Asa
Branca, Vozes da Seca, Baião, Respeita Januário... Pra onde é que eu vou mais?
Eu me sinto completamente realizado.
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Luiz Gonzaga
Nasci na fazenda Araripe, município de Exu. Fazenda da Família Alencar, todos
sabidos como o diabo, mas eu não aprendi a ler lá porque não deu. Eu aprendi a
ler no mundo. Nas placas de rua; decorando os nomes de jornais; decorando tudo
por ai. Eu sou filho de dona Santana e do velho Januário, velho macho que me
faz.
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Luiz Gonzaga
O Nordestino reconhece no meu trabalho o amor pela terra, o carinho e o respeito
por suas coisas, por suas tradições. Em minhas canções eu procuro sempre o
caminho do povo.
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Luiz Gonzaga
O Nordeste sempre teve os seus carnavais, suas festas tradicionais para exibir
as suas canções. Mas no Rio de Janeiro, para vencer, eu esbarrava sempre contra
tudo, e eram barreiras quase invencíveis.
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Luiz Gonzaga
O ritmo que o cantador aplicava à viola, a introdução que era feita para entrar
na cantoria, chamava-se baião, e eu achava aquela mistura ritmo-melódica
interessante. E começamos a desenvolver nossos temas, eu achei que o baião era a
pedida certa.
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Luiz Gonzaga
Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão;
que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os
valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome
reconhecido por outros poetas. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou
muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando
um exemplo de trabalho, de paz e amor.
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Luiz Gonzaga
Se eu nascesse de novo e pudesse escolher, mais do que eu sou eu não queria ser,
queria ser o filho de Januário e Santana.
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